Os jogos não são só diversão.
Eles moldam visões de mundo, criam narrativas e — talvez mais importante — mostram quem importa.
Quando olhamos para a representatividade nos games, a pergunta central é simples:
Quem você pode ser dentro de um jogo?
Nos últimos anos, a indústria deu passos importantes. Mas será que é o bastante? Vamos analisar onde os games acertaram — e onde ainda estão patinando feio.
🌈 LGBTQIA+: do tokenismo ao protagonismo
Durante muito tempo, personagens LGBTQIA+ eram piadas internas, opções secundárias ou easter eggs escondidos em cantos dos jogos.
Mas isso começou a mudar — devagar, mas com impacto.
Ellie, em The Last of Us Part II, foi uma protagonista forte, lésbica, complexa e profundamente humana.
Lev, um garoto trans no mesmo jogo, teve sua história construída com cuidado.
Em Tell Me Why, tivemos um protagonista trans que foi desenvolvido com consultoria da própria comunidade.
Só que, apesar desses acertos, esses exemplos ainda são exceção.
Muitos jogos grandes ainda evitam o tema por medo de “polêmica”. E quando abordam, é de forma rasa — só pra parecer inclusivos, mas sem assumir a responsabilidade de contar histórias reais com profundidade.
🧑🏾🦱 Etnias: representatividade ou estereótipos reciclados?
Sim, personagens não-brancos estão mais presentes.
Mas… em que posição?
A maioria ainda aparece como coadjuvante, ou como parte de uma narrativa de dor e superação.
São raros os jogos que colocam pessoas negras, indígenas ou árabes como protagonistas complexos, sem trauma obrigatório.
Há exceções: Miles Morales trouxe um herói jovem, carismático e cheio de representatividade.
Assassin’s Creed Origins explorou o Egito com respeito e riqueza cultural.
Mas no geral, a diversidade racial ainda é tratada como exceção, e não como parte natural do cenário gamer.
🖼️ Sugestão de imagem 3: personagem plus-size em jogo indie ou mod inclusivo no The Sims com cadeirante
🧍♀️ Corpos diversos: onde estão os outros tipos de jogador?
Vamos ser sinceros: o “corpo padrão” dos games é quase sempre o mesmo.
Magro, definido, branco, jovem. E hétero.
Quando um personagem é gordo?
É piada.
Se tem deficiência?
É NPC inspirador.
Se não segue o padrão?
É “alternativo” demais pra ser o herói principal.
Mas a resistência vem dos indies — e principalmente dos mods criados por fãs.
Nesses espaços mais livres, a diversidade corporal começa a aparecer: avatares gordos, personagens baixos, cadeirantes, pessoas com marcas reais da vida.
É o público dizendo: a gente existe, e quer se ver no jogo também.
🖼️ Sugestão de imagem 4: montagem de personagens diversos lado a lado, de estilos e origens diferentes
🎮 Onde estamos… e onde falhamos
A representatividade nos jogos está melhor do que já foi.
Mas isso não é o bastante.
Enquanto diversidade for tratada como algo “especial” e não como parte natural de qualquer universo, ainda estamos falhando.
Porque ser representado não é só se ver na tela — é sentir que aquele mundo também pode ser seu.
E agora?
A próxima fase exige mais responsabilidade.
Incluir personagens diversos não é lacração — é empatia, é realidade, é evolução cultural.
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